segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Peça: "Sapatinhos Furados" (Bom Samaritano)

OS SAPATINHOS FURADOS
(Autora: Aline Francis)

NARRADOR: Clarinha era uma menina muito doce e querida por seus familiares. Ela gostava de ajudar sua avó em casa e era muito educada.
Vivia em um lar com muito amor e carinho. Mas havia algo em Clarinha que ninguém sabia. Uma tristeza que teimava morar no seu coração.
Mesmo sendo uma menina tão boa, alguns amiguinhos gostavam de rir da Clarinha.
(Clarinha aparece em cena, olhando para os lados, procurando alguém)

CLARINHA: Ufa! Ainda bem que não tem ninguém aqui. Acho que hoje posso comer o meu lanchinho sem ficar triste. (Abaixa a cabeça, fazendo alguns sons como o início de um choro) Poxa vida, eles sempre riem de mim. Riem de mim todos os dias. Fico tão triste, e ninguém percebe. (Olha para as crianças) Ei! Vocês já se sentiram assim? Você! (Como se dirigisse a alguma criança em específico) Já se sentiu triste e não contou para ninguém? (Ela suspira) Ahhh, isso é tão ruim. (Ela começa a comer seu lanche).

(Aparece Dorinha)
DORINHA: Achei ela! Tá aqui!
CLARINHA: (triste) Ahhh não, lá vem eles…

(Entram em cena Vivi e Juca rindo de Clarinha. Beta os acompanha, mas não entra na zoação)

CLARINHA: Parem com isso! Vocês me deixam muito triste, sabia?
DORINHA: Mas é engraçado, oras.
CLARINHA: Engraçado por quê? Não estou vendo graça de nada aqui. (para as crianças) Vocês estão achando alguma coisa engraçada? Viu só!
VIVI: Ah, mas crianças não sabem do que estamos rindo.
DORINHA: Então vamos contar para elas!
JUCA: Vamos!
JUCA, VIVI: Vamos, vamos, vamos.
CLARINHA: Não! Por favor! Eles também vão rir de mim!
DORINHA: Mas você não disse que não tem graça? Por que está com medo?
CLARINHA: Não contem, por favor! Por favor! Por favor!
JUCA: Eu vou contar! Crianças, prestem atenção no Juquinha.
CLARINHA: Não!
VIVI: Conta logo, Juca.
CLARINHA: Por favor, não faça as crianças rirem de mim!
JUCA: Era uma vez a menina dos sapatinhos furados! (mostrando bem a Clarinha)
TODAS OS OUTROS PERSONAGENS: Ahahahahaha….
CLARINHA: Isso não tem graça!
DORINHA: Tem sim! (para as crianças) Vocês não acham engraçado uma menina que só usa sapatinhos furados?
(Nesse momento Clarinha começa a chorar, e os outros personagens vão tentando convencer as crianças a rirem dela)
CLARINHA: Parem, por favor! Eu vou embora, vocês não gostam de mim.
VIVI: Gostamos sim! Você é a menina dos sapatos furados!
(Todos riem novamente dela e Clarinha sai muito triste, cabisbaixa e chorando. Os outros personagens esperam ela sair, e vão saindo logo em seguida, rindo entre si)
NARRADOR: (Clarinha volta e fica em cena) Naquele dia Clarinha chegou em casa muito mais triste do que nos outros dias. Não bebeu nem o suco que sua avó preparou.
Ficou quietinha no seu canto, chorando muito. Ela tinha apenas um par de sapatos. Um par de sapatos furados. Morava com sua avó, que não podia comprar outros sapatinhos pra ela.

(A avó entra em cena)

VOVO: Clarinha, o que houve, meu amor? Por que você está tão tristinha assim?
CLARINHA: Ah vovó, não é nada.
VOVO: Como nada? Está chorando e não é nada? Você é sempre tão feliz, a alegria dessa casa.

(Clarinha abraça a avó)

CLARINHA: Vovozinha, eu te amo tanto. Não quero te deixar triste.
VOVO: Você vai me deixar triste se não contar o que está acontecendo.
CLARINHA: São as crianças da escola, vovó.
VOVO: O que tem as crianças?
CLARINHA: Eles ficam rindo de mim porque eu uso sapatos furados (ela começa a chorar, as duas vão saindo de cena abraçadas enquanto o Narrador fala).

NARRADOR: Enquanto isso, na volta para casa, Vivi e Beta falavam sobre o que tinha acontecido. Para uma delas, aquilo não estava muito certo.
BETA: Vivi, você não acha que a Clarinha ficou triste de verdade?
VIVI: Ah, eu não me importo.
BETA: Puxa, que feio isso! Você não se importa em ver outra pessoa triste com algo que você fez?
VIVI: Beta, ela ficou triste porque não tem outros sapatos, não foi com o que a gente disse. Eu tenho muitos sapatos, não tenho porque ficar triste.
BETA: Mas se você tem tantos sapatos assim, por quê não dá um para ela?
VIVI: Eu não vou dar meus sapatos! Eles são meus! Meu pais compraram para mim!
BETA: Vivi, eu queria te contar uma história que ouvi ontem à noite dos meus pais.
VIVI: Que história?
BETA: Vem, sente aqui. Vou aproveitar e contar para as crianças também.
VIVI: Então conta, estou curiosa!

BETA: Era uma vez um homem que vinha de uma cidade chamada Jerusalém e ia para outra cidade chamada Jericó. No meio do caminho ele encontrou dois ladrões que bateram muito nele e roubaram tudo o que ele tinha. Aquele homem ficou muito machucado e sem nenhum dinheiro. De repente passa por aquele caminho um sacerdote.

Vocês sabem o que é um sacerdote? (resposta das crianças)

É uma pessoa muito importante que cuidava das coisas de Deus e poderia ajudar aquele homem. Mas o sacerdote não parou. Não se importou com o homem todo ferido e jogado no chão. Seguiu seu caminho sem olhar para trás. Passou então pelo caminho um levita.

Quem aqui sabe o que é um levita? (resposta das crianças)

Levita era a pessoa que ajudava o sacerdote. Essa pessoa também poderia ter ajudado aquele homem que estava ali sozinho.

O que vocês acham que ele fez? (Resposta das crianças. Se elas responderem que ajudou, começar a frase dizendo que não. Se elas responderem que ele não ajudou, concordar com elas) Ele nem ligou para o ferido. Seguiu seu caminho sem olhar para trás. E agora, (fala para Vivi) o que você acha que aconteceu com o homem roubado?

VIVI: Ele morreu? Crianças, vocês acham que ele morreu? (resposta das crianças)
BETA: Não, Vivi. Passou por ele um samaritano, um bom samaritano.
VIVI: E o que é um samaritano?
BETA: Lembram que eu disse que o homem que foi roubado vinha de Jerusalém? O samaritano vinha de Samaria, um lugar que não gostava muito das pessoas
que viviam em Jerusalém.
VIVI: Ahh, então o samaritano nem ajudou o homem, não é?
BETA: O que vocês acham, crianças? (espera as crianças responderem)
BETA: Acontece que o bom samaritano ajudou aquele homem!
VIVI: (espantada) Ajudou?
BETA: Sim, Vivi. Quando ele viu aquele homem todo ferido, sentiu muita vontade de ajudá-lo. Lhe deu algo para beber, o alimentou, cuidou de suas feridas.
Depois o colocou em seu cavalo e o levou até uma pensão, deu algumas moedas ao dono da pensão e pediu que cuidasse muito bem daquele homem.
VIVI: Uau! E por que ele fez isso?
BETA: Por amor ao seu próximo. Independentemente de sua cor, sua religião, se tinha dinheiro ou não, se era bom ou ruim, ele não se importou e quis cuidar daquele homem. Agora pense nessa história e em nossa amiga Clarinha. Você continua não se importando com ela?

(Vivi vai para um canto e pensa um pouco, resmungando partes da história)

BETA: Vivi, Clarinha também não tem condições de ter sapatinhos novos. Ela é como aquele homem que ficou ali na rua. Não tem dinheiro, e está triste e machucada com as nossas brincadeiras.
VIVI: Puxa, Beta. Estou muito envergonhada de tudo o que fiz. Em vez de rir dela e deixá-la triste, nós devíamos tê-la ajudado. Sinto muita vergonha por ter rido da Clarinha.
BETA: Eu também me senti assim quando meus pais me contaram essa história ontem, mas tive uma ideia para melhorar isso.
VIVI: E o que é?
BETA: O que você acha de irmos à casa dela agora mesmo e nos desculparmos?
VIVI: Isso!
BETA: Então vamos!

(Vivi para)

VIVI: Ca-calma aí.
BETA: O que foi? Não me diga que desistiu?
VIVI: Não! Tive uma ideia ainda melhor. Vou doar uns sapatos para a Clarinha!
(As duas se abraçam e seguem para a casa da amiga)
(Aparece Clarinha em cena com a avó)
CLARINHA: Vovó, a senhora acha que eu devo ficar de mal dos meus colegas?
VOVÓ: Clarinha, papai do céu ensina que nós devemos perdoar nosso próximo e amá-los como amamos a nós mesmos. Se você ficou triste, peça a papai do céu que tire essa tristeza do seu coraçãozinho e perdoe seus coleguinhas.
CLARINHA: A senhora está certa! Além do mais, eu gosto deles e não quero ficar sem falar com eles.

(Vivi e Beta chegam e batem palmas)

CLARINHA: Ih vovó, chegou visita. Quem deve ser?
VOVÓ: Vamos saber agora (risos)! Podem entrar!
(Vivi e Beta entram. Vivi traz uma sacolinha na mão)
VOVÓ: Olá, vocês são amigas de escola da Clara, não é?
BETA: Sim, somos.
VOVÓ: E pela carinha de vocês, acho que vieram fazer algo muito importante aqui. Acertei?
VIVI: Sim. Clarinha, isso aqui é para você!
CLARINHA: O que é isso?
BETA: Viemos te pedir desculpas por tudo o que dissemos e que te entristeceu.
VIVI: E aí estão alguns sapatinhos que trouxe para você, porque me sinto envergonhada de ter rido de você em vez de te ajudar.
CLARINHA: Isso não é uma brincadeira?
AS DUAS: Não!
BETA: Você nos desculpa?
VIVI: Queremos ser suas amigas de verdade!
CLARINHA: Ahh meninas, desculpo sim! Claro que desculpo! Fico muito feliz que estejam aqui!

(As três saem eufóricas, rindo e felizes)


VOVÓ: Viram crianças? Amar o seu amiguinho, respeitá-lo e aceitar suas diferenças são os ensinamentos que papai do céu deixou para nós. Ah, e perdoar também, porque perdoar é amar.  Vocês gostaram da nossa historinha? (esperar a resposta das crianças) Então contem para seus amiguinhos que não estão aqui hoje. Vamos fazer um acordo? A partir de agora vocês serão nossos agentes do bem. Vocês ficarão responsáveis por ensinar seu pais, irmãozinhos, coleguinhas, a todo mundo, a historinha que contamos aqui hoje. Contamos com vocês! Um beijo e tchauzinho!

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